Atualmente a safrinha é responsável por grande parte da produção de grãos de milho no Brasil. Essa situação foi alcançada não somente pelo aumento da área plantada, mas também pelos maiores índices de produtividade alcançados ano após ano.
Esse aumento na produtividade é justificado pelo maior investimento no plantio de híbridos com maior potencial genético e adaptação às condições da safrinha.
Os novos híbridos para safrinha possuem excelente potencial produtivo, contudo, para obter melhores resultados é preciso dar condições necessárias para a expressão produtiva do material que será plantado.
Neste ponto, podemos destacar o desenvolvimento inicial das plantas como reflexo direto da qualidade de plantio realizada, fator que interfere diretamente no potencial produtivo da lavoura.
A qualidade de plantio depende de uma série de fatores. Vejamos os principais:
1. Velocidade de plantio
Uma série de trabalhos e experiências a campo tem comprovado que a velocidade de plantio interfere diretamente na produtividade final. Um dos principais problemas ligados à velocidade de plantio é a distribuição de plantas na linha, ou seja, a distância entre elas.
Como resultado de um plantio realizado com velocidades elevadas, teremos falta de uniformidade da profundidade de plantio e um alto percentual de plantas duplas ou múltiplas e/ou falhas de plantio.
Essa má distribuição faz com que ocorra uma competição maior entre as plantas resultando em um desenvolvimento irregular, que por sua vez produzirá uma espiga pequena.
Imagem 01. Plantio a 4 Km/h
Imagem 02. Plantio a 8 Km/h
Imagem 03. Plantio a 12 Km/h
2. Disco de plantio e regulagem da pressão do vácuo
A escolha do disco e anel de plantio deve ser feita com atenção, porque a sua utilização incorreta pode resultar em falhas de plantio.
Do mesmo modo, a pressão do vácuo, em semeaduras com sistema de distribuição pneumático, deve estar bem regulada para evitar problemas na distribuição das sementes.
3. Distância semente x adubo
Situações de plantios onde a semente tenha ficado próxima ao adubo ainda são muito frequentes no campo. Esta proximidade pode comprometer muito a emergência das plântulas, uma vez que o adubo pode causar um efeito salinizante na linha de plantio. O ideal é que o adubo seja depositado 5 centímetros ao lado e abaixo da semente.
Imagem 04. Distância semente x adubo
Imagem 05. Salinização
4. Contato solo x semente
Para que a semente tenha uma excelente germinação, esta deve ficar em contato total com o solo, para que possa absorver umidade suficiente e dar início ao processo de germinação.
Uma correta regulagem das rodas compactadoras da semeadora fará com que haja cobertura e pressão ideal de compactação do solo junto à semente, evitando a formação de bolhas de ar que também podem ser ambiente ideal para a formação de patógenos.
Imagem 06. Contato solo x semente
5. Profundidade de Plantio
A profundidade ideal de plantio é a 5 centímetros, posição em que a semente terá as melhores condições de desenvolvimento.
Plantios realizados superficialmente expõem a semente a maiores variações térmicas, problema que pode ser agravado no momento da formação das raízes nodais (raízes de fixação) pela planta.
Se, quando as raízes começarem a ser emitidas, tivermos temperaturas elevadas, pode ocorrer um aborto (ou “queima”) resultando em plantas com fixação deficiente, também conhecidas como “plantas frouxas”. Com o desenvolvimento da planta, as plantas frouxas podem formar o chamado “pescoço de ganso”.
Imagem 07. Sementes na superfície do solo
6. Qualidade da semeadura
Uma maneira que temos de avaliar a qualidade de plantio é através do cálculo do Coeficiente de Variação (C.V.).
Essa é uma medida de dispersão empregada para estimar a precisão de experimentos fornecendo a variação dos dados obtidos em relação a média. Quanto maior for o valor de C.V. maior é a variação em relação a média, ou seja, aumenta a irregularidade de distância entre as plantas.
A medição do C.V. é fácil de ser realizada e pode ser feita no momento do plantio abrindo o sulco e expondo as sementes para medições, ou então, no início do desenvolvimento da cultura entre V2-V3 (mais prático).
Realiza-se a medição da distância entre as plantas na linha de plantio em 5-10 m de cada uma das linhas, isto é preciso devido a diferença que pode ocorrer na distribuição de sementes entre as linhas da semeadora.
Com os valores podemos calcular o C.V. através da formula abaixo, mas também pode ser feito com o auxílio de uma planilha Excel:
Imagem 08. Onde x ̅ é a média da amostra
Imagem 09. Distribuição ideal x distribuição irregular
Trabalhos mais recentes medindo o impacto da qualidade de semeadura na produtividade final do milho, demonstram redução de 160,47 kg ha-1 para cada 10% de incremento que ocorre no C.V.
O gráfico abaixo representa 2 anos de experimentos utilizando inclusive espaçamentos com linhas duplas, diante da hipótese de que a semeadura em linhas gêmeas poderia minimizar os efeitos negativos do C.V na produtividade.
Dúvidas sobre como fazer um plantio de qualidade? Compartilhe conosco, nos comentários, logo abaixo, como tem sido o seu plantio nas últimas safrinhas. :)
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por Ronaldo Luiz Gonzaga Engenheiro Agrônomo, Doutor em agronomia (produção vegetal). Possui experiência no desenvolvimento de produtos e mercados, coordenação de equipes técnicas, consultoria agronômica e palestras técnicas. Atualmente é Agrônomo de Campo para as marcas de sementes da Corteva Agriscience™.
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por José Carlos Cazarotto
Madalóz Engenheiro Agrônomo pela Universidade Federal de Santa
Maria (UFSM), com mestrado em Produção Vegetal (UTFPR). Desenvolve trabalhos
de manejo e acompanhamento de lavouras com objetivo de incremento de produtividade com melhor uso
de recursos da propriedade e conhecimento dos materiais (milho e soja). Faz parte do time de Agronomia
da Corteva Agriscience™ participando dos projetos de avaliação, avanço e
caracterização de novos híbridos de milho e cultivares de soja.
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Publicado em: 23/12/2014
Atualizado em: 13/01/2020