Todos sabemos do constante desafio que os agricultores do mundo todo tem para aumentar a eficiência da sua
produção, pois a cada nova safra o acesso a novas áreas de produção não
aumentam, mas a demanda por comida sim - e se espera que a produtividade aumente no mesmo ritmo.
Diversas tecnologias têm surgido na chamada “Agricultura Digital” que existem para tornar as
atividades agrícolas mais eficientes e produtivas. Podemos citar, por exemplo, os drones, que já falamos
aqui há alguns anos atrás e que são ferramentas de sensoriamento remoto, ou
também o serviço de monitoramento direcionado por satélites da
Granular,
Neste artigo vamos falar de outras inovações tecnológicas e também das mudanças de
comportamento que devem influenciar diretamente os produtores de todas as culturas, mesmo as culturas grandes como o
milho e a soja.
Produção de leite em alto mar
Parece loucura à primeira vista, mas é exatamente isso que você leu. Em Rotterdam, na Holanda,
iniciou este ano um pequeno projeto de uma “fazenda flutuante”.
Com cerca de 40 vacas nesta etapa, a fazenda automatizada tem estrutura para comportar os animais, realizar a ordenha
e também, na mesma plataforma, já beneficiar a parte do leite coletado.
Um dos principais motivos para a criação de um projeto assim, está relacionado com a
distância entre os grandes centros urbanos e as áreas rurais.
Os subprodutos da área rural precisam ser transportados por longas distâncias para serem beneficiados e,
posteriormente, ainda vão precisar do transporte até os mercados locais. Esse longo percurso faz que o
custo do produto seja maior e também provoque um rastro de custo ambiental.
Produção de leite em alto mar. Imagem retirada do site: https://www.dezeen.com/2019/05/24/floating-farm-rotterdam-climate-change-cows-dairy/
Empilhando alfaces e tomates
Ainda relacionado ao problema de logística e custo, os alimentos super perecíveis, como os
hortifrútis, sofrem muito com o transporte. Um tomate, por exemplo, após ser colhido tem uma vida
útil muito limitada.
Uma forma encontrada para abastecer os grandes centros sem perder a qualidade são os projetos de agricultura
vertical.
Sendo assim, ao invés de usar uma grande área na zona rural, foram criadas estufas dentro de grandes
pavilhões, em uma variação da hidroponia, onde os vegetais são alimentados com
água enriquecida de nutrientes, luz ultravioleta e ambiente completamente controlado, evitando pragas e
doenças, que são justamente os problemas mais comuns para as culturas tão
sensíveis.
Ao criar um armário de alfaces em escala industrial, você não tem como garantir sol à
todas. Por isso o uso da luz ultravioleta, mesmo que artificial, é controlada e traz para a planta a energia
que ela precisa para realizar a fotossíntese.
Estufas em pavilhões. Imagem retirada do site: https://news.microsoft.com/apac/features/indoor-vertical-farming-digging-deep-data/
Sua pequena fazenda na cozinha
Estas mudanças no mercado, agregados às mudanças de comportamento dos consumidores, traz ainda
outra tendência, um pouco mais tímida por enquanto, mas que certamente impacta na forma de como
adquirimos vegetais: eletrodomésticos que ajudam você a cuidar de seus cultivos dentro de casa.
Muitas pessoas tem ou já estiveram em alguma residência de pessoas que plantam seus próprios
temperos, às vezes alguns legumes e verduras também. Mas nem todos os moradores das grandes cidades
possuem espaço para este tipo de cultivo, ou mesmo conhecimento para cultivar.
Estas ferramentas utilizam sensores dentro do solo para acompanhar o desenvolvimento da cultura, ajudando e, em
alguns casos, até automatizando o trabalho de cultivar estas plantas em casa.
Ainda são tecnologias caras e experimentais, mas que podem ser muito grandes em um futuro próximo,
mudando a forma e a percepção de qualidade que as pessoas têm sobre hortifrúti que
são oferecidos em grandes mercados.

Fazenda em casa. Imagem retirada do site http://ironox.com/.
Assista ao vídeo do processo: https://www.youtube.com/watch?v=m_RXm119XPM&feature=youtu.be
Hambúrger de "carne" não animal e nuggets de plantas
Diferentes linhas de pensamento estão ajudando a fortalecer uma crescente tendência do não
consumo de carne. Este mercado, mesmo que ainda não tão grande quanto os demais, vem chamando
atenção de diversas empresas ao redor do mundo.
Várias pesquisas estão tentando construir o "hambúrguer sem carne", alguns desses
produtos já estão chegando nos mercados brasileiros através de grandes redes e também em
projetos testes em diferentes cadeias de fast food.
A Bunge, uma das maiores empresas de comercialização de grãos do mundo, adquiriu
recentemente uma pequena parte da startup “Beyond Meat”, que produz carne baseada em vegetais.
No Brasil, a startup Fazenda Futuro, já traz
essa realidade para o país.
Independente da sua crença sobre o consumo ou não de carne animal, é inegável que essa
mudança do comportamento de consumo da nossa sociedade será sentido no mercado de
produção do gado de corte em algum momento.

Hambúrguer vegano. Imagem retirada do site https://www.startse.com/noticia/startups/66915/fazenda-futuro-carne-plant-based-aporte
Carne de grilo e bife de barata
Outra mudança que poderá ter impacto na produção de animais ou mesmo de cereais para
rações, é uma tendência, vamos dizer assim, no mínimo, curiosa.
Muito famoso e comum nos países orientais, o uso de insetos como alimentação humana e animal
ainda soa muito estranho para a nossa cultura ocidental, mas algumas marcas já estão explorando esse
estranho substrato em alguns alimentos.
Os insetos já estão inclusos na base da alimentação de mais de 2 bilhões de
pessoas ao redor do mundo, segundo a FAO (sigla em
inglês para a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e
Agricultura).
Farinha de insetos já estão chegando ao mercado brasileiro, geralmente misturados a outros alimentos.
Mas este é apenas o começo, muito provavelmente será apenas uma questão de tempo
até vermos este mercado crescendo e sendo explorado em suas várias vertentes. Pesquisas mostram que esse
mercado deve atingir 1.118,60 milhões de dólares até 2023.
Muitas pesquisas mostram os benefícios do uso de insetos na alimentação, mas aparentemente a
força desta cultura está principalmente no impacto ambiental reduzido, visto que a
produção de um Kg de proteína através de insetos consome menos água e terra do
que o equivalente de proteína através de carne animal.
E você, já pensou em pedir um adicional de farinha de grilo no seu lanche favorito?
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por Dennis Altermann Trabalho dentro da área de Marketing da Granular,
subsidiária independente da Corteva
Agriscience, responsável pelo setor de Agricultura Digital da companhia. Publicitário
trabalhando com agronegócio, unindo tecnologia, ciência de dados e conhecimento
agronômico para melhorar a eficiência e resultados dos produtores brasileiros.
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