O tombamento de plantas, também conhecido como “damping off”, é um problema que pode trazer sérios prejuízos ao agricultor. Os primeiros plantios da safra de soja, no Sul do Brasil, estão enfrentando condições de alta umidade e baixa temperatura do solo, o que pode agravar a ocorrência desse problema.
O que é damping off?
Este grupo de doenças compreende todas aquelas que atingem os tecidos vegetais jovens, ainda dependentes das reservas das sementes, provocando a sua morte prematura; ou então, doenças que se manifestam em plantas jovens (plântulas) que acabaram de emergir sobre o solo, causando o seu tombamento pela degradação do seu caulículo, ainda muito tenro.
Causas do tombamento de plantas
O tombamento de plantas é causado, principalmente, por patógenos que naturalmente habitam o solo e vivem saprofíticamente se alimentado de restos culturais em decomposição. Quando atacam as plantas vivas, as doenças se tornam um sério problema para hospedeiros de interesse econômico.
A maioria dos patógenos causadores de tombamento não apresentam especificidade em relação ao hospedeiro, podendo afetar desde espécies herbáceas, como olerícolas até espécies lenhosas, como as frutíferas e florestais, o que torna o problema ainda mais difícil de ser mitigado (AMORIN et all., 2011). São patógenos extremamente agressivos, que por meio de produção de enzimas, matam rapidamente o hospedeiro, promovendo sua decomposição e sobrevivendo às custas dos nutrientes disponibilizados neste processo.
Sintomas
Os sintomas podem ser verificados em pré-emergência, pelo escurecimento dos tecidos e perda de rigidez, seguido pela decomposição. Além disso, observa-se o aparecimento de manchas encharcadas, que rapidamente aumentam de tamanho e escurecem. Logo o patógeno toma conta de toda a plântula jovem levando-a à morte (imagem 1 e 2).

Imagem 1. Plântula de soja apresentando morte prematura pelo ataque de patógenos causadores de tombamento. Foto: Pergentino De Bortoli

Imagem 2. Plântula de milho apresentando morte prematura pelo ataque de patógenos causadores de tombamento.
A evidência no campo pode ser notada pela redução na população de plantas (imagem 3) que, em alguns casos, é erroneamente atribuída à má germinação da semente. Os sintomas também podem ser observados em reboleiras, em função da maior presença do patógeno em certas regiões da lavoura, estando diretamente relacionados à condições de solo mal drenados e compactados.

Imagem 3. Redução de 20% no estande inicial de plantas de soja, provocado por Phytophthora sojae na safra 2014/2015. Foto: Pergentino De Bortoli
Em pós-emergência, os sintomas podem ser observados na região do colo da plântula (encontro do caule com a raiz). As folhas cotiledonares sofrem amarelecimento e entram em senescência em poucos dias. O enfraquecimento do caulículo causa o tombamento da plântula, que em seguida é colonizada e decomposta pelo patógeno. A presença do patógeno não é restrita à parte superior da planta, sendo comum encontrá-lo nas raízes que apresentam sintomas de escurecimento e podridão de tecidos.
Agentes causais
Os agentes causais mais comuns de tombamento são mostrados na tabela 1.
Gênero |
Tipo |
Pythium |
Fungo |
Rhizoctonia |
Fungo |
Phytophtora |
Fungo |
Colletotrichum |
Fungo |
Phoma |
Fungo |
Fusarium |
Fungo |
Cercospora |
Fungo |
Botrytis |
Fungo |
Xanthomonas |
Bactéria |
Pseudomonas |
Bactéria |
Tabela 1. Principais gêneros causadores de tombamento. Fonte: adaptado de AMORIN et all., 2011
Ambiente
Para a expressão de uma doença, é necessário que haja o agente causal (patógeno), um hospedeiro apto (que pode ser a lavoura) e condições ótimas para o desenvolvimento da doença.
A completa ausência do patógeno no solo é praticamente impossível, e como existe a necessidade da existência de um hospedeiro, cabe aos agricultores realizarem o correto manejo para evitar problemas relacionados ao tombamento e outras doenças.
As práticas de manejo devem sempre ser feitas conforme as boas práticas agronômicas, levando em consideração uma agricultura sustentável do ponto de vista econômico, ambiental, de manejo de resistência de insetos, de plantas daninhas e, principalmente, de doenças.
Com relação ao ambiente, os solos excessivamente encharcados e com temperaturas amenas (entre 15 e 20ºC) são extremamente favoráveis ao desenvolvimento de Pythium e Phytophthora, enquanto que solos úmidos e quentes são ideais para a proliferação de Rhizoctonia (AMORIN et all., 2011).
Os patógenos são favorecidos quando a germinação das plantas se dá de forma lenta, isso porque os tecidos tenros das plântulas recém emergidas são mais propensos ao ataque das doenças causadoras do tombamento por apresentarem menor resistência à infecção pelo patógeno.
Medidas de controle
Atualmente, o agricultor conta com diversas ferramentas que podem ser usadas para evitar perdas na lavoura por problemas causados por tombamento de plantas. Dentre as principais ferramentas estão:
- o uso de sementes certificadas;
- o Tratamento de Sementes Industrial (TSI);
- o Sistema de Combinação de Cultivares e Sistema de Combinação de Híbridos;
- e a rotação de culturas.
Sementes certificadas
Sementes certificadas trazem o benefício de terem garantias mínimas de germinação e vigor. O vigor elevado da semente garante um estabelecimento homogêneo e rápido da cultura, promovendo um menor período de suscetibilidade aos patógenos causadores de damping off. Além disso, sementes sem garantia de procedência podem estar contaminadas por patógenos que podem trazer danos ao estabelecimento da cultura.
Tratamento de Sementes Industrial (TSI)
O tratamento de sementes com fungicidas (Fenilamidas ou Benzimidazol + Ditiocarbamato) pode proteger as sementes e plântulas contra o ataque de patógenos durante o processo de germinação, garantindo que o estande inicial não seja comprometido por perda de plântulas e podridão de sementes. Além disso, o Tratamento de Sementes Industrial com inseticidas protege a plântula contra o ataque de insetos nos primeiros dias, evitando que as lesões por eles causadas atuem como porta de entrada para a infecção da planta por fungos.
Sistema de Combinação de Cultivares e Sistema de Combinação de Híbridos
O Sistema de Combinação de Cultivares (SCC) permite que através do uso de cultivares de diferentes ciclos de maturação a semeadura seja feita em períodos de menor probabilidade de problemas com damping off, ou seja, pode-se iniciar a semeadura em períodos de temperaturas mais elevadas no Sul, período em que o processo de germinação ocorre mais rapidamente, e assim, as plântulas tem um tempo menor de suscetibilidade ao ataque dos patógenos.
Já o Sistema de Combinação de Híbridos (SCH) consiste em diluir, em diferentes percentuais, os 3 pontos básicos da cultura do milho: potencial produtivo, precocidade e defensividade, características genéticas presentes em cada híbrido para, desta forma, obter maior estabilidade e segurança na lavoura.
Rotação de Culturas
A rotação de culturas tem suma importância no manejo das doenças causadoras de damping off, isto porque a utilização de espécies diferentes durante um período de tempo tem a capacidade de reduzir as populações de determinados patógenos. Embora os patógenos não tenham especificidade por determinada espécie vegetal, as populações podem ser equilibradas pela formação de um microclima diferenciado na lavoura, época de semeadura distinta, e equilíbrio da microbiota. (ROESE et al., 2018)
Deve-se utilizar cultivares de maior tolerância aos patógenos causadores de damping off em situações onde as condições ambientais são favoráveis ao desenvolvimento dos patógenos, como é o caso de solos compactados e encharcados. (ROESE et al., 2018)
O que mais deve ser observado?
Quando possível, evitar o plantio em áreas sujeitas a inundações.
Sempre realizar o plantio em épocas em que o solo apresente condições ideais de umidade e temperatura, e ofereça as melhores condições para um rápido estabelecimento da lavoura, evitando a exposição indevida da semente ou plântula aos patógenos causadores de tombamento em períodos em que estas estão mais suscetíveis.
Além disso, deve-se observar a correta densidade de plantas, pois em elevado número de plantas pode, em alguns casos, promover condições que beneficiem os patógenos causadores de tombamento.
Outro fator muito importante é a qualidade de plantio, no que se refere ao contato do solo com a semente. Situações em que o contato solo/semente não acontece de forma correta (bolsões de ar) podem impactar negativamente no tempo de germinação da semente e diferenciação de tecidos, favorecendo os patógenos.
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Ficou com alguma dúvida sobre tombamento de plantas ou tem alguma experiência para compartilhar conosco? Deixe seu comentário e nós responderemos em breve!
Autor: Pergentino Luiz de Bortoli Neto, Agrônomo de Campo da Corteva Agriscience™, Divisão Agrícola da DowDuPont
Referências:
AMORIM, L.; REZENDE, J.A.M. & BERGAMIN FILHO, A. eds. Manual de Fitopatologia. Volume 1 - Princípios e Conceitos. 4ª Edição. Editora Agronômica Ceres Ltda. São Paulo. 2011
ROESE, A.D.; GOULART, A. C. P. & SOARES, R. M. Comunicado Técnico 235, Podridão de fitóftora em soja avança no Centro Oeste, 8p, Dourados – MS, 2018.