A Mosca Branca (Bemisia tabaci) biotipo B já é uma velha conhecida dos produtores e, atualmente, basta observar seus altos índices populacionais até mesmo no centro das cidades. Entretanto, nas últimas safras vem representando uma ameaça à agricultura como praga e vetor de virose.
A Mosca Branca por se alimentar da seiva das plantas pode levá-las à morte ou a
diminuição da produção, especialmente quando há alta densidade populacional do inseto. Além disso, emite uma excreção rica em açúcares que serve de substrato para o desenvolvimento da fumagina, o que pode prejudicar a fotossíntese das plantas.

Com a finalidade de minimizar os impactos na redução de produtividade na cultura da soja ocasionada pela transmissão de viroses pela Mosca Branca, abordaremos algumas estratégias e táticas que podem te ajudar a diminuir o prejuízo. O sucesso, ou não, dependerá muito de um plano baseado em princípios e métodos coerentes para o manejo da doença na planta.
Uma solução a longo prazo é o manejo integrado combinado à diversas táticas de controle que apresentam maior efetividade, tais como: limitação das datas de plantio associada à eliminação de plantas voluntárias; restos culturais e de plantas daninhas; controle químico tanto de adultos como de ninfas visando impedir a manutenção da população da praga e controle biológico.
Vejamos com maiores detalhes as estratégias de controle:
1. Destruição de plantas daninhas e remanescentes após a colheita: a Mosca Branca (Bemisia spp.) é, essencialmente polífaga, e pode colonizar cerca de 506 espécies de plantas, predominantemente, anuais e herbáceas, em 74 famílias botânicas, das quais 96 pertencem à família Fabaceae; 56 à Compositae; 35 à Malvaceae; 33 à Solanaceae; 32 à Euphorbiaceae; 20 à
Convolvulaceae e 17 à Cucurbitaceae (Salgueiro, 1993).
2. Fiscalização e vazio sanitário efetivo com limitação de épocas de semeadura: encontramos diferentes épocas de semeadura, como por exemplo, semeadura da soja em outubro/novembro (época normal), dezembro/janeiro soja “safrinha” em alguns estados, abril/maio para a produção de sementes. Se não nos conscientizarmos sobre a “safrinha de soja” podemos estar quebrando todo sistema de produção, não somente pela questão da Mosca Branca, mas por um complexo de fatores que já está dificultando a atividade produtiva, tais como a resistência de insetos, doenças
e plantas daninhas.
3. Uso inadequado de produtos químicos: muitas vezes usados de forma indiscriminada, tem sido, na maioria dos casos, a única medida adotada para o controle da praga. Tal fato é preocupante, principalmente em função da marcante capacidade deste inseto em adquirir resistência a produtos químicos, além dos prováveis danos ambientais e à saúde humana. Para o controle químico da B. tabaci alguns pesquisadores indicam inseticidas do grupo dos reguladores de crescimento específicos para Mosca Branca, no entanto, o custo destes produtos são altos e teria que se observar o nível de
dano econômico, que é um dos principais problemas por não se ter sua correta determinação. A escolha do inseticida adequado varia de acordo com a fase em que se encontra o inseto. Os reguladores de crescimento atingem apenas a fase de ninfa e não controlam adultos, enquanto que os inseticidas sistêmicos que atuam por contato e ingestão (base de neonicotinoides) controlam adultos e não causam efeitos em ovos e ninfas.
Lembre que é importante alternar o uso tanto de inseticidas como modos de ação diferentes para evitar formação de resistência de insetos.
4. A adoção de cultivares resistentes ou tolerantes: ainda que tenham baixa oferta no mercado, através do seu melhoramento genético, têm favorecido a produção de enzimas e fitoalexinas que atuarão contra o patógeno.
5. Controle biológico: esta é uma ferramenta que vem se apresentando, cada vez mais, como uma alternativa eficaz e viável. Este método potencializa o efeito letal dos inimigos naturais sobre as pragas e as doenças. Algumas linhagens de fungos vêm sendo estudadas e selecionadas para auxiliar no controle da Mosca Branca, como por exemplo, a a Beauveria bassiana apresentando excelente eficiência na supressão da praga, assim como outros fungos entomopatogênicos (Paecilomyces fumosoroseus, Verticillium lecanii e Ashersonia spp.). Além disto, algumas pesquisas em andamento apontam eficiência do fungo Metarhizium anisopliae. Em relação aos insetos que são inimigos naturais, temos as joaninhas (Cycloneda sanguinea, Coleomegilla maculata, Eriopis connexa) que, conforme estudos da EMBRAPA (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária - Circular Técnica Nº 46) apresentaram certo controle sobre ninfas e adultos de Mosca Branca.
Considerações finais
Associar estratégias e métodos de controle à Mosca Branca é de fundamental importância, uma vez que medidas isoladas não solucionarão o problema.
Seguidamente se questiona a respeito do melhor produto químico para controle do
inseto-praga, entretanto, poucas vezes se pergunta quais os agentes biológicos que
melhor atuam no controle do inseto, ou mesmo, se faz uma reflexão sobre a implantação de lavouras de soja safrinha, soja sobre culturas como feijão, tomate e batata, que são grandes fontes de multiplicação de inóculo da praga. Desta forma, vale a pena repensarmos algumas atitudes, pois o desequilíbrio populacional da
Mosca Branca preocupa e vem levando a cada ano parte da rentabilidade e onerando cada vez mais os custos de produção.
Dúvidas sobre a Mosca Branca e suas formas de combate? Envie suas perguntas através dos comentários logo abaixo. Participe! :)
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por Adilson Policena dos Santos Engenheiro Agrônomo pela UFRGS (2006). Possui experiência em condução de ensaios a campo
em parceria com universidades e fundações de pesquisa para as
culturas do milho, sorgo e soja, geração e desenvolvimento de
informações técnicas e treinamentos e palestras. Atualmente é Supervisor de Serviços Técnicos para as marcas de sementes da Corteva Agriscience, atuando no estado de Goiás.
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