
IRAC-BR/Grupo de Biotecnologia
O Grupo de Biotecnologia (GBio) do IRAC-BR promoveu uma reunião técnica no dia 26 de agosto para tratar sobre o tema “Efetividade de Áreas de Refúgio sob Diferentes Condições de Manejo com Inseticidas”. Durante a reunião foram discutidos os resultados do projeto com pesquisadores de diversas instituições como Embrapa, Fundação MT, Fundação ABC, UNESP, UNEB, CIB e APPS.
O plantio de áreas de refúgio tem sido a principal estratégia adotada para retardar a evolução da resistência de insetos à cultura Bt em todo o mundo. O refúgio é um dos pilares que sustentam a estratégia conhecida como “alta dose / refúgio”, que consiste no plantio de áreas com culturas não-Bt que permitem que insetos suscetíveis se desenvolvam em quantidade suĕ ciente para diluir os alelos de resistência provenientes das áreas com a cultura Bt. No entanto, a efetividade das áreas de refúgio em gerar insetos suscetíveis pode ser reduzida ou até mesmo anulada pelo manejo inadequado de inseticidas.
Neste contexto, o projeto iniciado na safra de 2015/2016 em parceria do GBio/IRAC com instituições de pesquisa traz resultados inéditos no qual foram avaliados o impacto do manejo de inseticidas em áreas de refúgio Orientação Técnica IRAC-BR/Grupo de Biotecnologia de soja, milho e algodão para o manejo da resistência de insetos a culturas Bt. A efetividade das áreas de refúgio foi avaliada através da sobrevivência de lagartas das pragas alvo das tecnologias Bt sob diferentes intensidades de manejo com inseticida. Além da abordagem técnica, o estudo também teve o objetivo de avaliar o possível impacto na produtividade dessas áreas de refúgio. Esse fator tem sido decisivo para a tomada de decisão do agricultor em seguir ou não a recomendação apropriada de plantio e manejo das áreas de refúgio. Ainda preliminares, os resultados da primeira safra reforçam a importância do monitoramento de pragas e, quando necessário, fazer o uso racional de inseticidas para que áreas de refúgio de soja, milho e algodão sejam realmente efetivas para o manejo da resistência de insetos a culturas Bt e ao mesmo tempo preservando a produtividade.
Níveis de ação recomendados para o manejo de áreas de refúgio para a cultura do milho.
Nome Comum |
Nome Científico |
Nível de Ação de Controle (Período Vegetativo (V1-Vn) |
Lagarta do Cartucho |
Spodoptera frugiperda |
Máximo de 2 aplicações até o estágio V6, respeitando o nível de 20% plantas com notas maior ou igual a 3 – escala Davis |
Níveis de ação recomendados para o manejo de áreas de refúgio para a cultura da soja.
Nome Comum |
Nome Científico |
Nível de Ação de Controle (Período Vegetativo (V1-Vn) |
Nível de Ação de Controle (Período Reprodutivo (R1-R6) |
Lagarta-da-Soja |
Anticarsia gemmatalis |
30% de desfolha 20 lagartas |
15% de desfolha 20 lagartas |
Falsa-medideira |
Chrysodeixis includens, Rachiplusia nu, Trichoplusia ni |
30% de desfolha 20 lagartas |
15% de desfolha 20 lagartas |
Lagarta-das-maçãs e Helicoverpa |
Heliothis virescens Helicoverpa spp. |
30% de desfolha 4 lagartas |
15% de desfolha 2 lagartas 10% vagens atacadas |
Complexo Spodoptera |
Spodoptera eridania, Spodoptera cosmioides, Spodoptera frugiperda |
30% de desfolha 10 lagartas/m |
15% de desfolha 10% vagens atacadas 10 lagartas/m |
Níveis de ação recomendados para o manejo de áreas de refúgio para a cultura do algodão.
Nome comum |
Nome científico |
Nível de controle |
Curuquerê |
Alabama argillacea |
Até 30-40 DAE: 10% desfolha da planta ou 2 lagartas por metro. Após 30-40 DAE: 10% desfolha da planta ou 25% desfolha ponteiro ou 2 lagartas por planta. |
Falsa-medideira |
Chrysodeixis includens |
Até 30-40 DAE: 10% desfolha da planta ou 2 lagartas por metro. Após 30-40 DAE: 10% desfolha da planta ou 2 lagartas por planta. |
Lagarta eridania |
Spodoptera eridania |
Idem curuquerê |
Lagarta cosmioides |
Spodoptera cosmioides |
Idem curuquerê |
Lagarta-das-maçãs |
Helicoverpa spp., Heliothis virescens |
6-8% de plantas infestadas (planta com pelo menos uma lagarta) 5-8 lagartas em 100 plantas |
Lagarta-militar |
Spodoptera frugiperda |
6-8% de plantas infestadas (planta com pelo menos uma lagarta) |
Lagarta-rosada |
Pectinophora gossypiella |
10 adultos capturados por armadilha de feromônio a cada 2 noites ou até 3- 5% de maçãs atacadas |
Para mais informações sobre o Manejo da Resistência a Inseticidas, consulte o site do IRAC-BR: www.irac-br.org.br
Quem somos:
O Comitê Brasileiro de Ação à Resistência de Inseticidas – IRAC-BR é uma associação dedicada ao fomento, à pesquisa e ao desenvolvimento de trabalhos com produtos fitossanitários e plantas geneticamente modificadas (OGMs) visando o aumento da vida útil/efetividade dos inseticidas, acaricidas e OGMs por meio da minimização dos problemas de resistência. Além de oferecer informações e ser um órgão consultivo para os problemas técnico-científicos relacionados à resistência de inseticidas, acaricidas e OGMs no Brasil, estabelece e promove relacionamento com pesquisadores da indústria, no campo da resistência de inseticidas, acaricidas e OGMs, por meio de seminários, conferências, projetos de pesquisa etc. de forma conjunta. Por fim, tem por missão coordenar e, assim, fazer mais efetivos os esforços da indústria para prolongar a vida dos inseticidas, acaricidas e OGMs face à resistência, por meio das definições e recomendações de estratégias técnicas apropriadas.