O Porto de Rio Grande prevê escoar entre março e setembro,
período que concentra as exportações de grãos do Estado, volume de soja 10%
superior ao embarcado no mesmo intervalo do ano passado, que foi de 9,918
milhões de toneladas. Em entrevista à Agência Estado, o diretor técnico da
autarquia portuária, Darci Antônio Tartari, destacou a importância do
agronegócio para o porto e as obras em curso para melhorar a operação no local.
Em reuniões recentemente foram discutidas medidas para garantir o escoamento da
safra, entre elas o acesso rodoviário ao porto. “A grande necessidade é a
duplicação da BR-392 dentro na região do porto, porque quando os caminhões
chegam aos terminais se defrontam com uma rodovia de pista simples”, contou
Tartari. Até 29 de fevereiro, 722.314 mil toneladas de produtos do complexo
soja (grão, farelo e óleo) tinham sido embarcadas, das quais 392.074 t somente
de grãos.
Segundo Tartari, o agronegócio responde por cerca de 50% do
total de cargas movimentadas no porto gaúcho. Dentre as cargas relacionadas à
agropecuária estão produtos do complexo soja, trigo, milho, arroz,
fertilizantes, tratores e colheitadeiras. Somente o complexo soja, com 11,673
milhões de t embarcadas, respondeu por 37,8% de tudo o que foi movimentado no
porto em 2015. Considerando todas as cargas movimentadas no local, incluindo as
atreladas a outros setores da economia, a projeção é de que um volume 8% maior
passe pelo Porto de Rio Grande em 2016, em linha com o crescimento verificado
em 2015.
Para melhorar a movimentação no porto serão realizadas obras
de dragagem no canal de acesso ao Superporto (área onde estão localizados os
terminais privados que exportam grãos) e ao Porto Novo (área pública onde há
movimentação de celulose, madeira, fertilizantes, arroz e outras cargas, excluindo
soja, milho e trigo). O início está previsto para o segundo semestre deste ano.
O contrato de dragagem foi assinado em julho do ano passado
pelo então ministro da Secretaria Especial dos Portos (SEP) Edinho Araújo e
envolve investimentos de R$ 368 milhões. O consórcio vencedor do processo
licitatório é formado pelas empresas Jan de Nul do Brasil e Dragabrás, que
deverão cuidar da retirada de cerca de 18 milhões de metros cúbicos de
sedimentos do canal. Isso permitirá às empresas que operam terminais de grãos
na área privada adequar seus berços para receber navios com calado de 47 pés.
Hoje, somente navios com até 41 pés podem atracar no
Superporto. Dentre as empresas presentes nesta área estão Bunge, Bianchini,
Termasa e Tergrasa - estas duas últimas controladas pelo Grupo CCGL
(Cooperativa Central Gaúcha Ltda). “O acréscimo de um pé de calado, dependendo
do navio, pode permitir o embarque de 2 mil a 3 mil toneladas a mais”, afirmou
Tartari. No cais público ou Porto Novo, as obras servirão para a manutenção do
calado atual, de 31 pés. A partir do começo da dragagem, de acordo com a
superintendência do porto, a previsão é de que os trabalhos sejam finalizados
em dez meses - ou seja, em 2017.
Caminhões
Diferentemente do que ocorre nos portos de Santos (SP) e
Paranaguá (PR), que adotam um sistema de agendamento dos caminhões, no Porto de
Rio Grande cada terminal privado administra seu próprio sistema de agendamento
de forma independente - o que abre a possibilidade para que, em determinadas
épocas, haja um número de caminhões superior à capacidade de recepção do porto.
De acordo com a entidade, hoje existem 1.790 vagas em seis pátios de
estacionamento.
Conforme Tartari, a superintendência do Porto de Rio Grande
e a SEP vem trabalhando em um sistema que receberia as informações de
agendamento de todas as empresas e as concentraria em um sistema único.
Avalia-se a possibilidade, também, de instalar pórticos de controle ao longo do
caminho dos caminhões, que identificariam quando um caminhão agendado passasse
por ali e enviaria estes dados ao sistema. “Em um evento incomum, como um
acidente de trânsito, o sistema poderia disparar um comando para todas as
empresas pedindo a suspensão de uma carga em determinado dia”, comentou o
diretor técnico do porto.