Do alto de décadas analisando o setor produtivo, o
economista José Roberto Monteiro de Barros, crava 3,8% de crescimento
para o PIB do agronegócio brasileiro no ano que vem. Ele acentua que o
campo já está “bombando” e relaciona os motivos que o levam a acreditar
no incremento de quase 4%.
Segundo ele, a China, sempre a China, está aumentando a importação
de alimentos de forma expressiva e isso é uma tendência, diz. Sua
análise desmistifica as posições sustentadas nos últimos anos por outros
especialistas de que a demanda do país asiático poderia perder fôlego.
“Todo mundo sabe que o grande objetivo do atual governo é promover a
expansão do mercado interno chinês”, afirma.
Segundo ele, não é mais apenas a soja, mas o milho, o açúcar e
as carnes que estão em franca expansão de importações. E mais: “para
garantir a originação das importações, os chineses investem pesado na
compra e expansão de ‘trading companies’, que vêm diretamente ao Brasil
comprar produtos”, diz.
Só para ilustrar: A Abiec, que representa os exportadores de carne
bovina espera faturar US$ 1 bilhão somente com as exportações para a
China neste ano. O país asiático não adquiria diretamente o produto
brasileiro, e sim via Hong Kong.
Os embarques foram retomados em julho do ano passado. Pois bem, em
janeiro deste ano, portanto apenas seis meses depois, a China já havia
assumido a posição de principal destino das exportações brasileiras de
carne bovina.
Mendonça de Barros acrescenta que o fluxo positivo deverá se manter
também por conta da cotação do real na faixa dos R$ 3,50 a R$ 3,60 por
dólar.
E, neste início de junho, o ministro da Agricultura e Pecuária,
Blairo Maggi, embarca para a China em missão internacional. Além da
reunião do G20, com ministros da agricultura, Maggi quer tratar da
ampliação do número de indústrias habilitadas a exportar carne bovina,
suína e de aves para a China. Pelo menos 100 frigoríficos solicitam
abertura de mercado.
Importante: Mendonça de Barros acredita que a onda positiva do
agronegócio deverá se espraiar e influenciar outros setores. Como o de
caminhões, por exemplo, cujas vendas diminuíram no ano passado.
O agronegócio é bastante dinâmico. Demanda maquinário, insumos,
mão-de-obra, ativa estradas e portos. “Sem dúvida, o campo está e vai
continuar ‘bombando’ e o seu desempenho será fundamental para a reação
do PIB brasileiro como um todo”, afirma Monteiro de Barros.
Eu disse ao economista que as suas projeções otimistas para o
agronegócio são coincidentes com as opiniões de pecuaristas e
agricultores captadas em nossas andanças pelo Brasil. Vale também para
diretores de agroindústrias.