Setor avalia que a liberação dos CRAs em dólares
poderia atrair fundos de investimentos neste tipo de operação. O
diretor-executivo da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Luiz
Cornacchioni, avaliou nesta quinta-feira, 14, que a alavancagem do
produtor é o maior entrave para a safra 2016/2017, iniciada oficialmente
dia 1º de julho. Para o executivo, diante do endividamento acumulado
muitos produtores terão dificuldades de obter crédito, que será menor
proporcionalmente à safra anterior e ainda porque as instituições
financeiras estão mais restritas na concessão de financiamentos.
Com isso, na avaliação de Cornacchioni, a safra de grãos terá cada
vez mais o uso de recursos próprios para produtores que estão
capitalizados pelas boas safras anteriores. Outra forma de aporte fora
do crédito agrícola virá do financiamento por meio de operações de
"barter", nas quais as tradings aportam insumos para o cultivo em troca
de parte dos grãos colhidos no futuro.
"Além disso, deveremos ter um maior financiamento por outros meios
alternativos, como os CRAs (Certificados de Recebíveis do Agronegócio),
que já foi recorde no primeiro semestre deste ano. Nessa linha, o setor
luta junto ao Banco Central para a liberação dessas operações também em
dólar", explicou Cornacchioni.
Os CRAs são títulos de financiamento do agronegócio alternativos à
captação feita por meio de fontes tradicionais. A oferta, normalmente
privada, é feita por uma companhia do setor e tem na operação um agente
administrativo e investidores que ficam com os títulos. O resgate dos
CRAs ocorre em um prazo determinado, como uma safra, por exemplo, com
remuneração do CDI mais um prêmio.
O setor avalia que a liberação dos CRAs em dólares poderia atrair
fundos de investimentos neste tipo de operação. O assunto, no entanto, é
discutido há mais de um ano entre o Ministério da Agricultura e o Banco
Central.