A Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA)
deve anunciar hoje novo recorde em exportações para o mês de janeiro, com alta
aproximada de 30% em relação às 984 mil toneladas do mesmo mês do ano passado,
ou quase 1,3 milhão de toneladas. A movimentação confirma o sucesso dos avanços
logísticos e operacionais no local, que elevaram em até 35% a velocidade de
embarques. Ainda é explicada pelo bom momento para a venda ao exterior de
commodities que, apesar dos preços internacionais em baixa devido à safra
cheia, rendem bem em reais devido à disparada da cotação do dólar desde o
início de 2015.
Depois de quatro meses de queda, as exportações tiveram aumento médio mensal de
maio a dezembro de 23%, na comparação com os meses equivalentes de 2014, o que
fez com que o corredor registrasse recorde histórico em embarques. Foram 16,139 milhões
de toneladas em 2015, alta de 9,1% em relação às 14,791 milhões de toneladas do
ano anterior. A maior marca até então era de 15,965 milhões de toneladas em 2012,
conforme a APPA.
Resultado registrado mesmo com os 108,4 dias de chuva no ano passado, que
impedem o carregamento de cargas. O número é 52,2% maior do que os 71,2 dias de
2014. O diretor-presidente da APPA, Luiz Henrique Dividino, afirma que espera
novo recorde também em fevereiro. "Se entrarmos no mês com sol, vamos
bater em aumento de 30% de novo", diz, ao apontar que ainda é cedo para
definir um índice para o ano pelo risco de problemas climáticos.
Dividino conta que houve ampliação de 25% a 35% na velocidade dos embarques com
a implementação de melhorias em processos de regulamentação e na definição de
critérios de logística para as chegada de caminhões e a saída de navios.
"Também fizemos a troca dos quatro shiploaders (carregadores), que levou a
um ganho de performance e ao recorde mensal em junho de 2015", comenta, ao
citar o mês em que o volume total foi de 1,919 milhão de toneladas.
No caso dos carregadores, a capacidade aumentou de 1,5 mil para 2 mil toneladas
por hora em cada uma das quatro máquinas, ou 30% a mais. A dragagem dos canais
de acesso e de atracação também acabou com a necessidade de maré alta para
manobras em navios, agilizando chegadas e saídas.
Ainda, a cotação do dólar saltou 42% em 2015, segundo dados do Banco Central.
Apesar da redução dos preços internacionais da soja, o produtor correu para
exportar o produto. Sem quebra de safra em 2015, a produção aumentou e permitiu
o direcionamento da commodity para o exterior, diz o professor de economia
rural Eugenio Stefanelo, da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Para o economista, este ano será de novos recordes na safra nacional de milho e
de soja, o que deve fazer com que o porto paranaense registre nova marca
histórica. "Com as cotações em alta do milho, acredito que a área plantada
deve ser ampliada para a segunda safra e fazer com que a produção chegue a 60
milhões de toneladas no País", diz.
Stefanelo aponta ainda que o agricultor brasileiro terá vantagens climáticas em
relação a outros grandes produtores mundiais, como a Argentina, que enfrenta
seca e calor no plantio de milho. "Os Estados Unidos não devem expandir a
área plantada de soja pelas baixas cotações e há previsão de seca em meados de
2016, o que deve fazer com que a produção deles fique igual ou menor do que a
anterior", analisa. Assim, estima, o Brasil deve ter exportação de 30
milhões de toneladas de milho e de 55 milhões de toneladas de soja. "Será
mais um recorde", prevê o professor.