Isso é possível porque os drones levam transmissores que
enviam imagens que são analisadas por meio de programas específicos. Modelos
mais sofisticados carregam sensor infravermelho que revela em detalhes doenças,
pragas e pontos de estresse hídrico e nutricional. Os aparelhos custam entre R$
5 mil e R$ 500 mil.
De acordo com Lúcio Jorge, pesquisador da Embrapa
Instrumentação, que desenvolve pesquisas com drones desde 1997, a tecnologia
veio para ficar. “A observação sempre foi uma tarefa crucial na agricultura. Só
que antes ela era feita de baixo, com o agricultor caminhando e analisando uma
amostragem muito pequena da lavoura. Com as imagens do drone a visão é
ampliada, tudo fica muito evidente”, explica.
No início deste ano, o produtor Carlos Henrique Kugler
importou dos Estados Unidos um modelo mais modesto (R$ 6 mil) para mapear a
propriedade em Castro, nos Campos Gerais, além daquilo que conseguia usando o
Google Maps. “Agora é possível fazer uma leitura detalha da lavoura. Saber qual
é o estágio da planta, se há manchas”, diz Kluger.
“Com informações mais completas e rápidas, poderemos agir
antes, encontrando os pontos para correção com facilidade”, afirma o agrônomo
Lucas Simão Hubert, que trabalha com Kluger.
As fabricantes de drones no Brasil ainda não sentiram os
efeitos da crise econômica. Embora não divulguem os balanços, algumas faturam
alto. Atualmente, 70% do mercado de drones para uso civil são voltados para a
agricultura.
Segundo Emerson Granemann, diretor da empresa de
geoprocessamento MundoGEO, o setor gera 20 mil empregos no Brasil e deve
faturar até R$ 200 milhões neste ano. “É um mercado que não dá sinais de que
vai parar”, afirma.
“Pelo menos 50% das nossas vendas estão ligadas ao
agronegócio”, aponta Fabrício Hertz, diretor executivo da Hórus, em Santa
Catarina. “E o Paraná corresponde a uma parcela significativa de clientes.”
Os dados globais também são animadores. Um relatório
elaborado pela empresa RnR Market Research mostra que o mercado de drones
movimentou mais de R$ 2 bilhões em 2014 apenas na agricultura. E que essa cifra
pode ser dez vezes maior até 2021. “Os drones estão se consolidando como uma
ferramenta de trabalho imprescindível para o aumento da produtividade no
campo”, diz Thatiana Miloso, diretora da Xmobots, uma das maiores fabricantes
do país, em São Carlos (SP).
Setor ainda aguarda regulamentação
Apesar do crescimento expressivo na fabricação e venda de
aeronaves não tripuladas no país, o setor ainda carece de uma regulamentação
específica. Por enquanto, a comercialização é permitida, mas a falta de regras
cria um impasse. “Empresários mais conservadores esperam regulamentação para
investir nas empresas. Esperamos que quando isso acontecer, o setor cresça
ainda mais”, diz Emerson Granemann.
Em setembro do ano passado, a Agência Nacional de Aviação
Civil (Anac) propôs diretrizes para operação de aeronaves pilotadas de maneira
remota no Brasil. Caso o texto seja aprovado, o piloto deverá ter mais de 18
anos e um seguro com cobertura de danos a terceiros. Também será proibido
levantar voo sem o consentimento de quem está embaixo dele num raio de até 30
metros de distância.
A Anac também propõe regras de acordo com o peso do drone.
Se o aparelho pesar mais de 25 quilos, o piloto vai precisar de registro e
certificação da aeronave e habilitação. Para veículos menores será necessário
apenas o cadastro do aparelho.
Por enquanto, para operar um drone é necessário homologá-lo
na Anatel, agência que regula o setor, e obter autorização do Departamento de
Controle do Espaço Aéreo (Decea).