No mesmo período, a média geral do País foi negativa em 1,4%, com queda de 1,6%
em veículos leves e de 1,4% em pesados. A explicação para a diferença é que o
Brasil vive uma forte desaceleração econômica, com retração da produção
industrial, do consumo e do mercado de trabalho, o que diminui o tráfego em
viagens e para o transporte de cargas. No Paraná, grande exportador de
commodities, há um movimento forte de embarques principalmente de grãos e
carnes para o exterior, diante da alta cotação do dólar.
Tanto que, pela primeira vez na história, o Corredor de Exportação do Porto de
Paranaguá ultrapassou 1 milhão de toneladas movimentadas em um mês de janeiro.
Foram 1,34 milhão de toneladas de grãos, alta de 34% sobre o recorde anterior,
de janeiro de 2015. Conforme a administração dos portos paranaenses, a
expectativa é chegar a 5 milhões de toneladas de grãos de fevereiro a abril,
28% acima dos 3,9 milhões do mesmo período do ano passado.
É preciso ressaltar que o resultado positivo não se sustenta na comparação
anual, mas se mantém acima da média nacional. Na comparação com janeiro de
2015, o fluxo de veículos no Paraná foi negativo em 5,4% para leves, em 0,5%
para pesados e em 4,1% na média. No País, houve quedas de 3,9%, 9,9% e 5,2%,
respectivamente.
AVALIAÇÃO
Economista da Tendências , Rafael Bacciotti afirma, em nota, que os números de
rodovias pedagiadas no País são muito parecidos ao do recuo acumulado da
produção industrial, que foi de 8,3% no ano passado. "Se avaliarmos os
dados de fluxo de veículos pesados nas estradas, que historicamente refletem o
que acontece na produção e transporte de bens no País, encontraremos a mesma
linha de resultados, com uma queda de 9,9% na comparação ano contra ano",
diz. Ele completa que o fluxo de veículos leves absorve a queda numa velocidade
mais reduzida, mas ainda assim persistente, pelo ajuste em processo nos dados
de renda e emprego.
Técnico e ex-presidente da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) no
Paraná, Eugenio Stefanelo afirma que a indústria paranaense segue o mesmo fluxo
da nacional, mas que o setor primário representa até 70% das exportações no
Porto de Paranaguá. "O setor de agronegócios representa bem mais para a
economia local do que no restante do País, já que o Estado é o segundo maior
produtor de grãos e o primeiro em frango", cita ele, também professor de
economia rural da Universidade Federal do Paraná (UFPR).
FRETE
O valor do frete, por outro lado, não agrada aos caminhoneiros e às empresas de
transportes. O presidente do Sindicato dos Transportes Rodoviários Autônomos de
Bens de Londrina, Carlos Roberto Dellarosa, conta que o volume de transportes
começou a melhorar, mas o preço ainda está em patamar intermediário. "O
valor continua ruim. O que acontece é que os silos aproveitaram para vender
grãos por causa do preço do dólar e para abrir espaço para a colheita que
começa logo, então em janeiro e nessa primeira semana de fevereiro foi muito
bom", diz.
Para Stefanelo, houve muitos investimentos em transportes entre 2012 e 2014, o
que elevou a oferta e fez com que não fosse absorvida em um ano de crise.
"Com o Programa de Sustentação de Investimentos do BNDES, com juros
subsidiados, muita gente ampliou a frota de veículos transportadores e, com o
volume menor por causa da indústria, não conseguiram melhorar os fretes, o que
gera reclamações", explica.