Os governos do Brasil e dos Estados Unidos devem concluir,
ainda neste primeiro semestre, a abertura recíproca de mercados à carne bovina
resfriada e congelada. Segundo a secretária de Relações Internacionais do
Agronegócio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa),
Tatiana Palermo, ainda restam negociações sobre saúde pública para a
habilitação do Brasil à exportação de carne bovina in natura aos EUA.
A secretária destaca que o “boi verde”, como é conhecido o
gado brasileiro, produz uma carne saudável, com baixo teor de gordura, indo ao
encontro de tendências de consumo nos mercados mais seletivos do mundo, como o norte-americano.
As tratativas entre os dois países vão resultar na definição
de um modelo de Certificado Sanitário Internacional para amparar os embarques
do produto e a habilitação pelos Estados Unidos, com base em indicação prévia
do Mapa dos estabelecimentos brasileiros exportadores (pre-listing).
Os Estados Unidos publicaram a norma autorizando a
importação de carne bovina in natura de 13 estados brasileiros (Bahia, Espírito
Santo, Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paraná, Rio Grande
do Sul, Rio de Janeiro, Rondônia, São Paulo, Sergipe, Tocantins) e do Distrito
Federal, em junho do ano passado, quando a ministra Kátia Abreu (Agricultura,
Pecuária e Abastecimento) negociou com o governo americano o fim de uma
restrição de 15 anos.
O pedido para exportação de carne bovina in natura
brasileira para os Estados Unidos foi feito em 1999. Desde então, o Brasil e os
EUA trocaram diversas informações sobre os controles brasileiros em saúde
animal.
Os Estados Unidos são o maior produtor e consumidor mundial
de carne bovina. Em 2015, o país produziu 10,9 milhões de toneladas, ou 18,58%
do total mundial de 58,4 milhões de toneladas. Os norte-americanos consomem
11,4 milhões de toneladas, ou 20,2% do consumo mundial de 56,5 milhões de
toneladas.
Potencial
No período de 2011 a 2015, as importações de carne bovina
fresca e congelada dos EUA cresceram na ordem de 67%, saltando de 933 mil
toneladas para 1,56 milhão de toneladas. Os números levantados pelo adido
agrícola do Brasil nos EUA, Luiz Claudio Caruso, demonstram o potencial do
mercado de carne bovina dos EUA.
Cerca de 12% a 15% da carne consumida nos EUA é importada de
outros países. São produtos mais magros, de animais alimentados a pasto. Isso
porque o gado americano produzir uma carne com alto percentual de gordura que
dificulta sua utilização na produção de carne moída, principalmente, para
hambúrguer.
O Brasil é o segundo maior produtor mundial e o maior
exportador de carne bovina do mundo. “O país é um exemplo para o mundo de como
produzir de forma sustentável, garantindo um produto de qualidade e com escala
capaz de suprir qualquer mercado consumidor do mundo”, enfatiza Tatiana
Palermo.
“Espera-se que a abertura do mercado norte-americano seja
mais um passo na busca do setor pecuarista em se consolidar como o maior e
melhor produtor de carnes do mundo”, diz a secretária.