O mercado internacional da soja opera em campo positivo na
manhã desta quinta-feira (17). Os principais vencimentos, com exceção do
maio/16, subiam mais de 4 pontos e já operavam acima dos US$ 9,00 por bushel na
Bolsa de Chicago. O contrato agosto/16, por exemplo, vinha cotado a US$ 9,06.
Os futuros da oleaginosa dão continuidade às pequenas altas
registradas na sessão anterior e, como explicam analistas, especulações sobre a
conclusão da safra da América do Sul e sobre o início da norte-americana trazem
suporte e algum estímulo aos preços. Porém, ainda sem indicar uma tendência
forte e clara de alta.
Com essas altas, o mercado da soja em Chicago registra suas
máximas em três meses. Ainda de acordo com analistas internacionais, um dólar
internacional mais fraco, os preços do petróleo em recuperação - buscando os
US$ 40,00 nesta quinta - e especulações de que a área cultivada com a oleaginosa
nos EUA será menor do que a temporada anterior são importantes fatores de
suporte para as cotações.
Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira:
Soja: Apesar de turbulência política, mercado brasileiro tem
dia de bons negócios e preços em alta
Os preços da soja nesta quarta-feira (16) registraram um dia
agitado. No Brasil, a cena política dominou a atenção dos mercados e a postura
dos investidores. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve chegou com a manutenção
da taxa de juros do país e parece ter reforçado a estabilidade para uma série
de setores.
Dessa forma, as cotações fecharam as operações, tanto no
mercado internacional quanto interno, com oscilações bastante tímidas, porém,
positivas. O que prevalece, no entanto, é a cautela dos produtores brasileiros
norte-americanos que passaram, pouco a pouco, a voltar ao mercado, realizando
negócios pontuais.
"Voltaram a sair alguns negócios nas últimas horas
porque a alta do dólar (nesta terça-feira a moeda subiu mais de 3%) deu suporte
aos preços em reais, os quais tinham cedido na semana passada", relatou
Steve Cachia, diretor da Cerealpar e Consultor do Kordin Grain Terminal, de
Malta, na Europa.
E a continuidade ou não desse comportamento do produtor
brasileiro pode trazer alguma volatilidade às cotações na Bolsa de Chicago, que
carece de novidades para exibir variações mais expressivas. "O maior
efeito imediato que influencia o preço (em Chicago) é se o produtor vende mais
rápido o que sobrou da safra ou se adia suas vendas", completa.
Nesta quarta-feira, com uma leve alta do dólar, o preço da
soja disponível subiu 1,32% em Paranaguá, para R$ 77,00, e se manteve estável
nos R$ 76,50 por saca em Rio Grande. O produto que deverá ser embarcado entre
maio e junho, já da temporada 2015/16 e que vem ganhando casa vez mais espaço
nos portos, foi a também R$ 77,00 tanto no terminal paranaense quanto no
gaúcho.
Já no interior do país, a quarta-feira foi de ganhos em
praticamente todas as principais praças de comercialização. Entre as maiores
regiões produtoras do Brasil, os preços subiram entre 0,79% e 5,71%, e os
ganhos mais expressivos foram registrados no Rio Grande do Sul, no Paraná e
Oeste da Bahia.
"O dia foi agitado hoje. Bons volumes de negócios foram
observados, principalmente nos portos, onde os níveis de preços e de prêmios
melhoraram significativamente", diz Vlamir Brandalizze, da Brandalizze
Consulting. "Os compradores - que ainda são maioria no mercado - e
vendedores entenderam que, apesar de toda essa questão política, é preciso
fazer o Brasil continuar rodando", completa o consultor da Brandalizze
Consulting.
Bolsa de Chicago
Na Bolsa de Chicago, as cotações conseguiram recuperar parte
das baixas registradas por um movimento de realização de lucros ao longo do dia
no fechamento do pregão. Os futuros da oleaginosa encerraram os negócios com
altas de pouco mais de 2 pontos e os contratos julho, agosto e setembro/16
operando na casa dos US$ 9,00 por bushel. Os futuros do óleo de soja também
fecharam em alta, enquanto o farelo reucao nesta quarta.
"Hoje tivemos, pelo segundo dia consecutivo, alguma
pressão da liquidação dos fundos de investimento, garantindo lucros recentes,
mas, no final do dia, o mercado reverteu em função de alguma especulação sobre
as safras da América do Sul e a nova da América do Norte", explica Steve
Cachia.
Algumas notícias de que a produção brasileira não tem um
padrão bem definido nas principais regiões em relação ao tamanho e a qualidade
dos grãos ainda chegam ao mercado internacional e, mesmo que de forma limitada,
traz algum suporte aos preços na CBOT.
Sobre a nova temporada norte-americana, algumas áreas
receberam chuvas acima do normal, com inundações pontuais. "Começa, então,
a especulação de que talvez se atrase o início do plantio, ou, se continuar esse
padrão climático, poderia levar o produtor a trocar área ou abandonar área.
Ainda é um pouco cedo, mas o weather market, quando as coisas não estão indo
perfeitamente bem, dão espaço para especulações", diz o diretor da
Cerealpar.
Apesar dessas leves altas de hoje e de o mercado
internacional estar registrando, nesse momento, alguns dos melhores momentos
para os preços, para Cachia o espaço para novas altas é bastante limitado, uma
vez que ainda faltam notícias com força o suficiente para promover uma alteração
na rota das cotações. O mercado, portanto, ainda deve continuar caminhando de
lado.