O bem-estar animal (BEA) é um tema que vem sendo discutido
com frequência no setor agropecuário. Boas práticas de produção que vão desde o
manejo até o transporte e abate, no frigorífico, podem garantir uma carne de
qualidade, mais magra, nutritiva e mais saudável. Pensando em aperfeiçoar cada
etapa da produção na suinocultura, visando as boas práticas na granja, a Associação
Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) lançou a série de cartilhas
“Bem-estar animal na produção de suínos” para capacitar profissionais
envolvidos nessa cadeia produtiva.
As cartilhas foram apresentadas, nessa quarta-feira (16/03),
durante o encontro “Perspectivas de Mercado e Oportunidades para a
Suinocultura”, na sede da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil
(CNA). O presidente da ABCS, Marcelo Lopes, explicou que o objetivo do material
é gerar informações práticas e aplicáveis, que possibilitem estabelecer
metodologia das principais rotinas nos diferentes setores da granja. “Elas
atendem as áreas que vão desde o carregamento, transporte, descarga até o abate
no frigorífico”, disse Lopes.
O material é dividido em três módulos de acordo com as fases
do processo produtivo, sendo eles: toda granja – práticas de manejo e
características das instalações nas granjas; transporte – manejo de embarque e
transporte para o frigorífico, e frigorífico – da recepção até o abate com
garantia de qualidade. “A ABCS acredita que a capacitação técnica dos atores
envolvidos na cadeia suinícola é fundamental para ampliar a competitividade, a
partir da padronização das ações do processo produtivo relacionadas ao
bem-estar animal”, afirmou Marcelo Lopes.
A série de cartilhas foi desenvolvida pela ABCS, com o apoio
da CNA, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), do
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), da Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas (Sebrae - Nacional).
Durante o encontro, que reuniu aproximadamente 300 participantes,
dentre lideranças do setor, produtores e estudantes universitários, também
foram discutidos o cenário econômico da atividade agropecuária, até 2026, e as
perspectivas do mercado de milho para 2016. O professor e pesquisador da
Universidade de São Paulo (USP), Marcos Fava Neves, enfatizou que a
agropecuária passará por mudanças estruturais nos próximos anos como impulso às
tecnologias redutoras de custo e de uso de recursos. “O uso da água e da terra
terá algumas restrições, assim como as dificuldades com mão de obra”.
A palestra sobre as perspectivas do mercado do milho foi
ministrada pelo Secretário de Política Agrícola do Mapa, André Nassar, que
garantiu o impacto do aumento do grão na ração. “Os suinocultores sentirão os
custos de produção elevados por conta do preço do milho, com aumento de R$ 10
no valor da saca”, disse. O secretário afirmou que uma alternativa para aliviar
o produtor de suínos é a compra do milho a balcão, em leilões públicos. “A
venda a balcão pode ajudar a estabilizar o preço e suprir a demanda do grão que
está em falta no mercado interno”, finalizou Nassar.