O governo gaúcho apresentou, na quinta-feira (17), o
Plano Energético do Rio Grande do Sul, que tem como objetivo servir de
ferramenta para traçar as estratégias nessa área nos próximos anos. O trabalho,
que teve a cerimônia de lançamento realizada no Palácio Piratini, foi
desenvolvido no período de um ano pela Secretaria de Minas e Energia.
O titular da pasta, Lucas Redecker, comenta que era preciso
atualizar os dados disponíveis para fazer um diagnóstico do setor energético e
elencar as obras de infraestrutura necessárias. O dirigente aposta que o Rio
Grande do Sul será conhecido, futuramente, como um "exportador" de
energia para as demais regiões do Brasil. Entre os obstáculos que precisam ser
superados para que a meta seja concretizada, o secretário cita a questão da
burocracia e dos custos com os licenciamentos ambientais. Em contrapartida, o
Estado apresenta várias oportunidades para aumentar a geração de energia
através de diversas fontes (eólica, hídrica, carvão, biomassa, gás, solar etc).
Uma vantagem ressaltada pelo plano é o potencial da energia
eólica. O Rio Grande do Sul possuía, ao final de outubro do ano passado, a
segunda maior potência dessa fonte instalada no mercado nacional (20,1% do
total). O primeiro do ranking era o Rio Grande do Norte (34,4%) e depois o
Ceará (18,5%). O Brasil tinha, naquela ocasião, 6.679,9 MW instalados em 275
usinas eólicas. Hoje, o Estado possui 1.548,4 MW (o que corresponde a cerca de
18% da capacidade instalada no País) em 66 parques eólicos.
O potencial eólico em todo o Rio Grande do Sul, levando em
conta medições até 100 metros de altura, chega a 102 mil MW, sendo que mais de
40 mil MW concentram-se na região da Fronteira-Oeste. Apesar disso, o município
mais promissor nesse campo está no Extremo Sul do Estado. O Atlas Eólico aponta
Santa Vitória do Palmar (10 mil MW) como a cidade com maior potencial eólico,
seguida por Uruguaiana (7,2 mil MW), Alegrete (7,05 mil MW), Santana do
Livramento (7,02 mil MW), Rio Grande (5,7 mil MW), Quarai (4,7 mil MW), Dom
Pedrito (4,6 mil MW), Arroio Grande (4,6 mil MW), Mostardas (3,8 mil MW),
Jaguarão (3,6 mil MW) e Lavras do Sul (2,74 mil MW).
O Plano Energético demonstra que o Estado reúne condições
atrativas para a instalação de novos empreendimentos nesta área, para o
estabelecimento de empresas fabricantes de máquinas e equipamentos da cadeia
produtiva, bem como para prestadores de serviços especializados (engenharia,
logística, montagem e manutenção). A projeção da Secretaria é que, até maio de
2018, o Rio Grande do Sul terá 2.053,2 MW instalados em 91 parques eólicos, que
absorverão um investimento de aproximadamente R$ 8,6 bilhões.
Levantamento indica oportunidades na operação de PCHs
Entre outras iniciativas, o Plano Energético propõe ações
para viabilizar a expansão da geração através das Pequenas Centrais
Hidrelétricas (PCHs). De acordo com o trabalho, esses empreendimentos
enriquecem a matriz energética estadual e atraem a participação do interesse
privado pela facilidade de implantação, pelos incentivos fiscais concedidos e
pela taxa de lucratividade.
O estudo sugere a reforma de PCHs ou de turbinas paradas, já
que a repotencialização de antigos complexos hidrelétricos é de baixo custo,
não tem impacto ambiental e pode ser feita rapidamente. A despesa por MW
repotencializado pode equivaler a apenas um quinto do gasto com o MW de uma
nova PCH. Atualmente, o Rio Grande do Sul verifica 50 empreendimentos dessa
natureza em operação, com capacidade de 559 MW. O secretário de Minas e
Energia, Lucas Redecker, adverte que, para esse setor desenvolver-se mais
rapidamente, é necessário avançar quanto aos inventários das bacias
hidrográficas. Hoje, apenas três das 25 que se encontram no Estado já foram
inventariadas.
O dirigente acrescenta que a velocidade na implantação de
projetos na área de energia também dependerá dos estímulos apresentados aos
empreendedores. Redecker argumenta que, com o Plano Energético, o Estado pode
avaliar se é aconselhável ou não conceder incentivos para determinadas
iniciativas. O presidente do Comitê de Operação e Planejamento do Sistema
Elétrico do Rio Grande do Sul (Copergs) e da Rio Grande Energia (RGE), Roberto
Sartori, considera o planejamento como fundamental. "Ainda mais em um
setor em que as ações não acontecem imediatamente", frisa o empresário. O
governador José Ivo Sartori concorda com o executivo e frisa que o processo de
planejamento precisa estar, constantemente, em construção. Redecker adianta que,
a cada dois anos, as informações do Plano Energético deverão ser atualizadas.
Além dessa pesquisa, o governo realizará ainda, mais adiante, o mapeamento do
biometano (biogás purificado de origem orgânica) e da energia solar.